Primeiras experiências: práticas de entrevista
Durante o ano de 2015 novos adolescentes se juntaram ao Projeto. Com o próposito de abranger ainda mais a realidade local dos integrantes, uma parceria com a professora de redação da Escola Estadual de Ensino Médio de Cabanas buscou estimular a criatividade, o exercício de apuração e a experiência de entrevistar e escrever. O resultado do primeiro contato com este tipo de processo criativo você confere abaixo.
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A praça do Santa Rita de Cássia
Por Arley Braga, Matheus Arlindo, Neylson Junio e Wanderley Junio
No bairro Santa Rita de Cássia, também conhecido como Cabanas Dois, existe uma praça no início da sua principal via. Considerada muito boa para passar o tempo, conversar com os amigos e outras coisas, só tem um problema: o esgoto a céu aberto ao seu redor. Iluminação pública de melhor qualidade e instalações de lazer no local poderiam ajudar na sua renovação.
Em entrevista, Ana Paula Braga, moradora do bairro, conta sobre a praça.
Entrevistadores: Há quanto tempo existe essa praça?
Ana Paula: Há mais ou menos dez anos.
E: Como era antigamente?
AP: Bom, era um matagal apenas. Até que modificaram o espaço ao construir a
praça, mas agora surgiram os problemas de esgoto e mato.
E: O que você acha que pode ser feito para melhorar essa situação?
AP: Eles poderiam cortar o mato, tapar o esgoto e ampliar o espaço colocando
novos bancos e até academias ao ar livre.
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Campo do Bairro Cabanas
Por Otávio, Daiane e Ariane
O campo de lazer localizado no bairro Cabanas foi soterrado. De responsabilidade da Prefeitura, ele ainda não tinha um nome oficial. Ninguém sabe ao certo qual a história desse campo. De acordo com Efigênio Batista, Adelino José e Eduardo Braga, moradores do bairro, ele acabou soterrado devido á quantidade de lixo que era jogada no seu território. Segundo outros moradores, a Escola Estadual de Ensino Médio será construída no local.
Queixas de moradores indicam que o governo não parece se importar com o lazer de quem vive no Cabanas. Quando é época de eleição, eles fazem muitas promessas que não cumprem ou começam a executar um projeto que não terminam.
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A Casa do Dom Viçoso
Por Andrezza Cristina, Paloma Pereira, Tamara de Souza e Rayra Queiroz
Em entrevista sobre a origem e conservação da Antiga Casa de Repouso de Dom Viçoso, no Cartucha, Adão dos Santos e José Santos, o Santinho, nos admiraram com a belíssima história sobre o padre que ali morou.
Entrevistadoras: Qual o significado desse patrimônio?
Adão dos Santos: Esse patrimônio pertencia originalmente a Caraça, e não à igreja
E:Por que Dom Viçoso decidiu viver lá em cima, no Cartucha?
AS: Porque em Portugal os bispos tinham o costume de construir suas casas no
alto de picos e de montanhas.
E: Qual a importância da casa para a sociedade?
AS: Não só para a sociedade e sim para a cidade de Mariana.
E: Quem é o responsável pela casa atualmente?
AS: Adão dos Santos.
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Dia das Crianças no Cabanas
Por Ana Carolina Anestor e Ludmila Alves
Na sexta, 09 de outubro, houve um evento comemorativo dos Dia das Crianças na Escola Estadual de Ensino Médio de Cabanas. Foi uma maneira de envolver a comunidade do bairro com a escola, principalmente as crianças que em breve frequentarão ou já frequentam esse ambiente. A realização do projeto foi possível com a colaboração dos professores, dos funcionários do CRAS-Cabanas, da Prefeitura de Mariana e de visitantes. Foi marcara por exposições, apresentações de dança e música. No fechamento, o grupo “Na Pegada” se apresentou.
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Preconceito contra os moradores do Cabanas
Por Israel, Jean, Junior e Douglas
O preconceito é um juízo pré-concebido que se manifesta numa atitude discriminatória perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. É uma ideia formada antecipadamente que não tem fundamento sério. O pensamento pode acontecer de uma forma banal, até num pensamento: “que feio, que gordo, que magro, como é burro esse negão”. Há um sentido de impotência quando se pretende mudar alguém com forte preconceito.
Douglas Sancha da Silva tem 16 anos e é morador do bairro Cabanas. Ele afirma ter sofrido preconceitos constrangedores. E é certo que não só ele, mas a maioria dos moradores do bairro, sofrem constantemente preconceito de pessoas que vivem em outros locais da cidade. Na opinião de Douglas, esses preconceitos acontecem graças a uma certa fama do bairro de ser violento, de ter usuários de droga, praticantes de assaltos entre outras atividades ilícitas.
Douglas conta que já sofreu preconceito quando a Polícia resolveu revistá-lo e revistas os seus amigos. O policial o chamou para o canto, perto da viatura, e fez perguntas. Ao responder que morava no Cabanas, Douglas relata que o policial se tornou ameaçador. Na sua opinião, contudo, o bairro Cabanas é um ótimo lugar para se viver e tem muitas pessoas boas, apenas alguma deixam a má impressão sobre o local.
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Segurança e clandestinidade no Santa Clara
Por Larissa, Aline, Daniela e Maria Emília
Está se tornando cada vez mais comum áreas invadidas na cidade de Mariana, especialmente no bairro Cabanas. Conversamos com Maria Vilela, moradora do bairro Santa Clara (conhecido como “invasão”), sobre a segurança pública, a iluminação no local e os “gatos”, instalações clandestinas.
Os moradores pedem ajuda à Prefeitura de Mariana, mas como o bairro é
irregular permanecem desamparados.
Entrevistadoras: Como é a segurança do seu bairro (Santa Clara)?
Maria Vilela: Complicada. Aqui sentimos muita insegurança com pessoas
estranhas circulando pelo bairro.
E: O que você acha que deve melhorar?
MV: Com a presença de policiais e guardas municipais ficaríamos um pouco mais
seguros, aqui o policiamento é muito raro.
E: E a iluminação, como é no seu bairro?
MV: Muito precária, pois tem muitos “gatos” e as fiações são desorganizadas.
E:O que falta melhorar na iluminação?
MV: A instalação de postes e fiações seguras.
E:Quais são os ricos, na sua opinião, trazidos pela escassez de iluminação pública?
MV: Temos medo de sair à noite porque há pessoas desconhecidas circulando pelo bairro
E:E o “gato” (instalação clandestina)? Quais os ricos?
MV: Com as fiações desorganizadas, podem ocorrer explosões e queimar os fios.
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Artista do bairro
Por Ana Flávia, Camila e Indianara
Omar, conhecido como Paulista, é um dos artistas do bairro Cabanas e reside na Rua Passagem de Mariana, próximo à Escola Dom Oscar. Nos concedeu esta entrevista, na qual fala sobre seu trabalho desde o tempo em que o iniciou.
Entrevistadoras: O senhor fez algum curso de pintura?
Omar: Não, nasci com o dom do meu pai e dos meus avós.
E: Há quanto tempo está trabalhando com arte?
O: Comecei a rabiscar as paredes de casa quando tinha nove anos. Com 12 eu já
fazia uns garranchos e com 16 eu já estava um “homem crânio”, “sapiens sapiens”,
“inteligentérrimo”, que na linguagem paulista significa que o cara é “super fera” e muito
inteligente no ramo.
E: O senhor já pensou em dar aulas?
O: Sim, sempre quis, e quero ver um dia eu, velhinho, sabendo que as pessoas
seguem meus traços.
E: Qual foi sua primeira obra artística?
O: Foi um ursinho segurando um coração, fiz para uma amiga.
E: O senhor acha que o bairro incentiva as crianças e os adolescentes a serem
artistas?
O: O bairro não incentiva o jovens a nada, um problema político, pois se os
vereadores ajudassem os artistas e dessem condições, logicamente ia ser diferente.
E: O senhor tem nome ou assinatura artística? Qual?
O: Sim, Art' Paulista, “abrangendo os limites da arte em desenhar”.
E: Sua primeira obra foi inspirada em alguém ou alguma coisa?
O: No desenho do Pica-Pau e depois do Ursinho Puff.
E: Como o senhor percebeu sua vocação pela pintura?
O: O talento... Na escola eu desenhava para a meninada toda e os professores
falavam que eu tinha talento. Foi que meu pai me deu um compressor e uma pistola de
pintura de baixa pressão, comecei a rabiscar novamente as paredes, antes de lápis e giz
de cera, depois de pistolas e aerógrafos...
E: O senhor vive da arte?
O: Sim, vivo da arte há 30 anos.
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